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terça-feira, 22 de julho de 2014

(DES) AMORES: CAPÍTULO 1 PÁGINA UM

-Bom dia , em que posso ajudá-la? - disse a atendente do salão.
Depois de ficar uma hora andando no centro da cidade , aquele foi o primeiro salão que finalmente consegui encontrar aberto em pleno domingo. “Como pode nenhum salão de beleza estar aberto?”  estava pensando até encontrar esse.
Era um salão vermelho , não muito grande, e que não tinha nenhuma identificação de que realmente estava funcionando. Só tive certeza pelo fato de uma mulher sair dele belíssima.  
- Eu gostaria de fazer tudo o que o seu salão tiver. Não precisa se preocupar com o tempo . Eu realmente preciso gastar o meu hoje.
- Dia difícil ?- disse uma voz masculina. Ele surgiu de dentro da pequena porta atrás da atendente. Tinha um olhar que parecia conseguir desvendar o real motivo do meu pedido.
- Vida difícil - respondi dando-lhe o meu melhor sorriso. Mas quem eu queria enganar , tudo o que eu realmente queria era chorar. E muito.
- Valéria , depois de fazer o cadastro da cliente a mande direto para minha estação. Eu vou atendê-la querida.- disse saindo calmamente.
-Obrigada - disse eu quase como um sussurro.
Valéria me olhava como se eu fosse uma celebridade ou se soubesse que a qualquer momento eu fosse desabar. Mas eu não faria isso , não ali.
- Qual o nome da senhora? - ela me perguntou , agora olhando para a tela do computador.
- Aline Soares Nogueira.
-Endereço residencial?
- Não sei o nome direito, acabei de me mudar para lá.
-Tudo bem , Mas eu vou precisar de um número de contato.
- 9999-9999.
-Obrigada senhora. Que tipo de pacote a senhora vai querer?
- Tudo o que eu puder fazer aqui.
-Tudo bem .- disse ela suspirando fundo , podia jurar que ela estava me xingando em pensamento- A senhora vai começar com os cabelos. Pode ir na estação 3 , o cabeleireiro Renato vai te atender. -  Disse indicando o caminho para uma segunda porta.
A parte do salão de dentro não era grande , tinha somente 4 estações para cabelos, uma saleta para depilação , manicure e pedicure circulavam com seus banquinhos para fazer as unhas das clientes que também não eram muitas. Na verdade , contando comigo , tinham 4.
E lá estava Renato, olhando para mim com o queixo apoiado em um pente. Ele era alto , moreno,rosto ao estilo galã de capa de revista  e pelo físico , parecia que frequentava academia 5 vezes a semana. Mas eu não era o tipo dele. Aliás , nenhuma mulher era o tipo dele.
- Então me conta, o que quer fazer no seu hair? Sabe mudanças no cabelo podem revelar muito da pessoa.- piscando para mim.
- Quero alisar - eu disse sentando na cadeira. Na verdade , não tinha ideia do que queria fazer com os meus cabelos.- Quero fazer uma escova semi definitiva no meu cabelo.
Ele olhou para mim através do espelho. Tentava a todo custo desvendar o que se passava em minha mente. Depois de muito me encarar , ele finalmente falou:
-Eu vou preparar o produto. Enquanto isso aproveite seus últimos minutos com seus cabelos cacheados. Claro que depois de um tempo , mesmo que fosse definitiva, seu cabelo cresce cacheado. Porém , amor, até ele voltar a esse tamanho , vai demorar muito…
-Eu não ligo. Pode começar a fazer
- Mas com cachos tão bonitos como os seus…Será uma pena fazer isso… - disse ele. De repente sua expressão mudou de pesar para curiosidade - Está querendo esconder quem é?
- Não, estou tentando me descobrir.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

A CHANCE CAPÍTULO 1 : PÁGINA 5

- FILHO?? Você vai ter um filho ??? - gritou Beatriz atônita - Como você se atreve a fazer isso comigo???
- Fale baixo Bibi, por favor! - e segurou ela pelos ombros - Você precisa me dar o divórcio. Eu quero fazer isso de forma amigável  para que as pessoas não fique falando coisas... Mas se você continuar se recusando....
- É obvio que eu vou continuar me recusando! - e tirou as mãos dele - Ou você acha que esse bastardo que você e aquela vagabunda fizeram pelas minhas costas vai me comover? Agora mais do que nunca , EU NÃO DOU O DIVÓRCIO!!!! 
- Quer parar de gritar, Beatriz !!! A gente não tem mais nada há um ano. Não estamos mais juntos , deu para entender? Acabou o que tínhamos. O nosso casamento não existe mais!! Agora , por favor , seja racional , madura e assine os papéis.
- EU NÃO VOU ASSINAR HUGO!!!!!!!!!! NÃO VOU ASSINAR!!!! - disse , enquanto pulava como se fosse uma criança birrenta - EU FICO VIÚVA , MAS NÃO FICO DIVORCIADA!!!!!!!!! ESTÁ BEM ENTENDENDO BEM???? EU MATO VOCÊ E ESSA VAGABUNDA!!!
Depois dessas palavras Beatriz vai para cima do Hugo e tenta beijá-lo , na esperança que ele cedesse como das outras vezes. Hugo a empurra  e ela cai no chão . Ela agarra as pernas de Hugo e diz:
 - Eu amo você Hugo! Pelo amor de Deus , volta para mim. A gente queria ter uma família juntos , lembra?
 - Lembro , assim como lembro que você não queria filhos enquanto não estivéssemos prontos. Mas eu estou pronto desde o dia em que te conheci , e você ? - ajoelhou-se - Você sempre adiou . Sempre cheia de outras prioridades. Eu venho esperando por você há anos. Mas agora eu encontrei alguém que se arrisca. E que está pronta para ter uma família. Por todo sentimento que tive por você , Beatriz - acariciou seu rosto - Eu te dou um mês para assinar o divórcio de forma amigável , um mês . Caso contrário , entrarei com o litigioso.
Após dizer isso ele se levanta e vira as costas. Beatriz deseja erguer-se e abracá-lo . Fazer com que através de seus beijos ele se lembre que a ama. Queria que ele a tocasse . Queria que tudo aquilo fosse um sonho. Mas em sua mente permanecia a palavra " Acabou". Ela se levantou e saiu sem dizer mais nada.

Quando saiu do lobby viu todos os convidados e os noivos parados a encarando. Eles haviam escutado tudo . Parecia sem sentido explicar o que houve, aliás, nada mais fazia sentido para ela.




sexta-feira, 4 de abril de 2014

A CHANCE : CAPÍTULO 1 - PÁGINA 4

 - Martinni , Senhora? – disse o garçom para Beatriz .  
- Sim ,por favor -  e lhe entrega sua sexta taça para ele sorrindo  – e não pare de trazer! Eu lhe proíbo   
   
Por mais que ela se enganasse dizendo que não estava procurando por Hugo, seus olhos a traíam. Ela estava sentada na mesa reservada, porém desejava estar circulando no salão para saber onde ele e a outra sentaram.  
             Cada homem que passava com o porte físico de Hugo, chamava sua atenção, enquanto tomava seus martinnis . “onde será que ele está?” pensou.  
   
- Os noivos estão para o outro lado – disse uma voz masculina. O homem aproximou o rosto no de Beatriz – A menos que estivesse me procurando. 
- Na verdade não estava a procura dos noivos – disse Bia  virando sorrindo. – Muito menos a sua procura, Fábio. 
Fábio era o padrinho de Jorge e primo de Sônia. Seus olhos verdes já fizeram Beatriz suspirar quando mais jovem. Foi o seu primeiro beijo, ou melhor, selinho. Também foi o primeiro de muitas garotas.  
- Tudo bem – e tomou a taça das mãos de Beatriz – Acho melhor controlar-se um pouco Bibi , se não , acabará desperdiçando o belo champagne do brinde. 
- Eu sei me controlar Fábio, diferente de você na minha festa de aniversario. - e tomou a taça dele – e eu aposto que foi a Sô que mandou você aqui , não foi? 
- Você conhece bem a Sô , ela anda bem preocupada .–  sentou-se à mesa. - Na verdade eu também... 
ahahha , Fábio , você preocupado??? – e deu um gole na bebida – Essa eu pago para ver. Logo você que só olha para o próprio umbigo.  
- Para você perceber a gravidade da situação.  
- Eu prefiro você sendo egoísta. Conte-me da sua vida. Como está a Inglaterra? Já se mudou para lá? – disse bia mudando de assunto. 
- A Inglaterra está fantástica . E ainda não me mudei. Ainda tenho umas coisas inacabadas aqui no Brasil. 
- Você é o cara mais sortudo do mundo , sabia ? Tem tudo o que sempre quis. Um emprego que te permite ficar em dois países, uma vida pessoal equilibrada. E o melhor, não ama ninguém. Sério, se eu fosse homem, queria ser voxê – disse enrolando a língua ao falar a última palavra. 
- Na verdade eu ainda não tenho tudo o que eu quero – e tocou na mão de Beatriz – Vou pegar um aperitivo para nós. 
Enquanto Fábio se afastava , Beatriz virou-se encontrou Hugo  no salão . Ele estava conversando com algumas pessoas enquanto abraçava uma mulher. A mulher era loira , de cabelos curtos enrolados e era mais encorpada que ela.  Como por impulso, não sabe se da bebida ou de vontade própria, ela pegou sua taça e foi em direção aos dois. 
- Olá meu amor! – disse ela, fazendo Hugo virar-se – Não vai apresentar sua esposa para seus amigos? – disse as últimas palavras olhando para a mulher. 
- Olá Beatriz – disse Hugo secamente – Eu realmente estava precisando falar com você – e virou-se para os demais – Se me derem licença, preciso falar com minha EX- mulher.  
Deu um beijo em sua acompanhante, disse algo em seu ouvido e se retirou com Beatriz para o lobby. 

sexta-feira, 28 de março de 2014

A CHANCE : CAPÍTULO 1 - PÁGINA 3

*********** 
Quando Beatriz chegou ao restaurante percebeu o quão o evento estava lotado de homens e mulheres. “Mas não é um jantar de festa de solteira? deveria ter só mulheres aqui” pensou enquanto procurava a noiva.    
Finalmente achou Sônia e percebeu que há muito não a via. Agora sua amiga usava os cabelos longos e naturalmente castanhos, estava com a silhueta mais esbelta. Sônia estava sorrindo mostrando a um casal seu anel de noivado quando percebeu sua presença  
Bia não pode deixar de notar que sua amiga ficou tensa com sua presença. Então decidiu apontar para o banheiro feminino mostrando que iria esperá-la, e o que obteve foi um leve aceno de cabeça.  
Chegando ao banheiro , Sônia encontra Beatriz olhando atentamente para o espelho , e diz :  
- Está um pouco velha para brincar de sério com o espelho, Bibi – e sorrindo abraça a amiga – Que saudades eu estava de você, achei que não viria hoje.  
- eu sei que tenho sido relapsa com você, minha amiga, mas é que tenho passado por um momento difícil e você, melhor que ninguém, sabe disso. – disse segurando as mãos de Sônia. – Mas não vamos falar de mim . Olha  você está de linda! Uma diva! Quem fez isso? Diga o nome para eu ir fazer uma consulta.  
 - Obrigada , mas isso tudo aqui é puro amor ... e 30 mil reais. Você realmente está bem? – fazendo cara de preocupada – Olha , se você quiser ir embora Bibi , eu vou entender , sua cara está condenando que não quer estar aqui.  
_ Sô , eu quero ficar , você sabe que se fosse o contrário eu nem estaria aqui.  
- Tem certeza? Talvez meu jantar não lhe faça bem – e afastou-se de Beatriz, para olhar se arrumar no espelho – eu não quero que fique para baixo.  
 - O que quer dizer com isso? Tem algo que está me escondendo Sônia? – disse apoiando na pia para fixar o olhar em Sônia – Ele está aqui, não é?  
  
  - Sim... E veio acompanhado – e olhou para Bibi na defensiva – O que eu poderia fazer? Ele é amigo do Jorge, melhor amigo. Assim como você é minha melhor amiga! A gente não pode eliminar um ou outro. A gente não sabia que vocês iriam se separar... 
- Acompanhado? Mas a gente é casado! Imagine o que as pessoas vão dizer! – aparentemente ignorando o pedido de desculpas de Sônia  - Onde ele está ? Em qual mesa? E quem é a amante, ordinária, vagaba que está com ele? 
  
  - Amante? Bibi , vocês não se falam tem um ano ! Vocês não estão mais juntos! – e segurou os braços da amiga – Por favor, não crie confusão com ele, está bem?  Esse jantar é importante para mim e pro Jorge . 
- Já pediu isso para ele ? Pois eu jamais vou fazer isso com você Sô. Agora ele... 
- Já pedi . E como eu sei que você não está saindo com ninguém, eu te coloquei na mesa dos solteiros. Tem uma pessoa que eu quero que conheça. 
- Mas eu não sou uma mulher solteira ,Sônia . 
- Amiga... – mas foi interrompida pela porta do banheiro sendo aberta. 
  
- Quem ousa tirar a estrela principal do salão ? – disse a mulher de meia idade que entrou no banheiro – Filha , temos convidados a sua espera lá fora. 
- Olá Margout – disse Beatriz  à mãe de Sônia – Desculpe a indelicadeza , mas tive de ser egoísta para conseguir conversar com minha melhor amiga. 
- Mas você teve e terá tantos dias para conversar com ela, Bibi, acho que pode deixá-la para os demais hoje. Seu marido deve estar preocupado com sua ausência à mesa – disse sorrindo enquanto alfinetava Beatriz. 
- Mamãe! – intervém Sônia  
- Sem dúvida Margout, nós já terminamos por agora – disse enquanto se afastava de Sônia – Eu vou só retocar a maquiagem e sairei. 
 - Só não demore muito Bibi, não quero que perca o brinde – disse Sônia enquanto fazia um olhar de desculpas. 
  
Após as duas saírem Beatriz sentou-se  para pensar em como iria suportar aquela noite. 

sexta-feira, 21 de março de 2014

A CHANCE : CAPÍTULO 1 - PÁGINA 2

*** 
   
UM ANO DEPOIS...   
   
- Dona Beatriz?- disse Leninha batendo na porta - dona beatriz levante , são quase seis horas!   
Mas Beatriz não queria levantar, bem como em todas as manhãs desde o término. Na verdade naquele dia ela não precisava acordar cedo. Era sábado.   
- dona Beatriz, a senhora precisa se levantar esqueceu que hoje é o jantar na casa da dona Sônia? O jantar de despedida de solteira!   
Então beatriz olha para o despertador  em sua cabeceira. Realmente eram seis horas,mas da noite!Como ela pode esquecer? E como iria se arrumar?   
-Leninha entre!- disse saltando da cama - rápido,me ajude a escolher algo para vestir! E o que farei com o cabelo?   
- Se acalme ,dona  Beatriz use o vestido azul  marinho tomara que caia com a echarpe. E faça um coque meio solto, assim não fica parecendo que acordou agora. Use aquele conjunto de Safiras que seu Hugo lhe deu.   
- Mas nem morta que vou com aquele conjunto. Pegue para mim o vestido verde bandeira, os scarpins pretos  e os meus brincos de ouro dados pela minha mãe. Irei de coque... Oh meu deus - e pôs as mãos na cabeça - me esqueci do presente!!!   
- dona beatriz, sua mãe já comprou. E já foram entregues.   
-Agradeça-a, por favor - sentou na penteadeira - Nossa, como estou péssima!   
-Desculpe-me se isso pareceu atrevimento, mas chamei a dona Lizz para fazer sua maquiagem,  - disse Leninha colocando suas mãos rechonchudas nos ombros de Beatriz -  A senhora precisa estar belíssima nesse jantar. Quem sabe conhecer alguém  
- Obrigada Leninha, você sempre acerta. É como se fosse minha mãe. – e segura à mão de sua secretária – O que seria de mim sem você?  
- A senhora continuaria sendo a Beatriz Gouvêa Abraão... Desculpe – lembrando-se que o ultimo sobrenome pertencia ao Hugo .  
- Tudo bem Leninha  , eu ainda sou a Senhora Abraão , ele gostando ou não – e virou para o espelho novamente – tenho de estar linda para que chegue aos ouvidos dele o quanto estou bem.  
- E por falar nisso, o senhor mandou novamente aqueles papéis para a senhora. Eu os deixei na sua mesa. Tem um bilhete junto com eles.  
- A minha resposta continua sendo a mesma: Não vou dar-lhe o divórcio. Agora chame a Lizz.  

sexta-feira, 14 de março de 2014

A CHANCE : CAPÍTULO 1 - PÁGINA 1

    De uma forma ou de outra tudo está interligado... Não há como escapar.  Uns chamam de destino... Outros chamam de carma (karma), há quem chame de terceira Lei de Newton   e alguns  de intervenção divina . Qualquer que seja o nome dessa ligação, ela sempre termina onde começou , reagindo conforme as ações anteriores.    
   
   
A CHANCE   
   
       Vidros e retratos quebrados, roupas pelo chão e um silêncio quase absoluto no quarto. Poderia se dizer que um furacão passou por ali. O cenário veio se repetindo durante os últimos meses e já não espantava mais os vizinhos e nem os moradores. Aliás, os moradores estavam presentes na cena caótica, aparentemente cansados e pensativos.  Beatriz estava sentada na cama de cabeça baixa e Hugo estava próximo a porta do banheiro, encostado e de olhos fechados.    
Outrora aquele cenário significava mais uma incrível e tórrida noite de amor, mas agora representava somente o ódio de ambos   
      - Eu quero o divórcio... Eu preciso do divórcio... Eu preciso viver novamente – disse Hugo quebrando o silêncio.   
  Ele decide se aproximar daquela mulher com quem a pouco tivera uma briga terrível. Ajoelha-se na frente dela e olha fixamente em seu rosto.   
   O rosto, sim, o rosto da mulher por quem passou anos apaixonado. A quem jurou amor eterno. Ainda era o mesmo rosto daquela jovem que conheceu em uma festa de aniversário da irmã da prima da amiga do melhor amigo dele. Uma história que ele adorava contar para aqueles que perguntavam como eles se conheceram, mas agora ele já nem sequer fazia questão de recordar.    
 Hoje era um rosto pálido com algumas rugas, mas era ainda um belo rosto. O nariz ainda era fino ornando com o formato do rosto. Ainda tinha as três pintas próximas ao olho esquerdo, bem como as sardas. Os olhos, aqueles olhos que ele jurava terem sido desenhados, eram arredondados e ao final eram levemente puxados. Os olhos castanhos mais expressivos que conhecera, já não lhe dizem nada.   
       - Eu conheci alguém – e segurou as mãos de Beatriz – não nos envolvemos ainda. Na verdade só tomamos um café, mas eu me senti vivo de novo. É como se eu pudesse... Se eu pudesse amar outra vez!   
Aquelas palavras foram como um soco em Beatriz. Pela primeira vez ela olhou no rosto de Hugo. Buscava fervorosamente que ele estivesse arrependido, mas só encontrou naqueles olhos negros como a noite a verdade das palavras ditas.    
      - Eu juro que eu tentei Bia – disse Hugo colocando a cabeça em seu colo – juro que eu tentei resgatar o nosso amor, só que ambos sabemos que ele acabou. Bem como nossos sonhos... Pelo amor de Deus diga algo!!!   
      - Dizer o que, se você já decidiu tudo por nós dois? – disse afastando ele de seu colo – Me diga à opção que eu tenho? – e segura seu rosto – Eu ainda te amo! Você é o amor da minha vida! Você é a razão da minha existência! E MESMO SABENDO DE TUDO ISSO, VOCÊ NÃO QUER MAIS! NÃO ME QUER MAIS!   
    - Nós não nos suportamos mais Beatriz! Olha nossas brigas! Olhe para nós! Acabamos de brigar e já começamos de novo – e levantou-se. Não podia mais levar aquilo adiante então ,de costas, decretou- Irei para casa de um amigo e  amanhã  entrarei com a papelada. Peço que assine o divórcio em memória do que vivemos.   
     - Vai para a casa dela? – disse sarcasticamente indo em direção do Hugo – Vai brindar a morte do nosso “amor eterno” com ela?Contará para ela que o mesmo amor que jurou para mim ,agora jura para ela?   
    - Ela nem sabe de nada. Nem tenho certeza se é ela que eu vou amar...- e se virou para Beatriz- Já disse que irei para casa de um amigo. Não direi o nome para que você não me siga.   
   - Lamento informá-lo, mas dessa vez não irei. Tenho meu orgulho. E você já decidiu tudo por nós dois. Então vá. Leve suas coisas e vá. Mas leve tudo! TUDO!    
Hugo abriu a porta do quarto e foi em direção a cozinha onde encontrou a secretária do lar, Helena, para quem pediu que arrumasse suas coisas. Todas elas, enquanto ele iria à portaria ver se tinham um número de táxi.   
Quando Helena entrou no quarto encontrou Beatriz chorando convulsivamente na cama.   
   - Dona Beatriz não fique assim... – disse ela sentando na cama – Logo , logo Seu Hugo vai voltar para casa novamente . Como sempre.   
  - Não , não Leninha – disse beatriz entre soluços – dessa vez não. Dessa vez foi o fim. O fim de tudo! Ele já tem outra! Mas agora quem não quer sou eu!   
   - ô Dona beatriz , isso passa. Tudo nessa vida passa. E vocês sempre foram um casal tão unido. É só uma fase. – e levantou da cama – eu vim pegar as coisas do patrão  
  
   Quando Hugo subiu as suas malas estavam feitas. Ele pensou em ir até o quarto dar um adeus a Beatriz , mas resolveu que não , pois ela poderia implorar para que ele ficasse. Então ele pegou suas coisas e foi embora.   
Ao ouvir a porta se fechando na sala, Beatriz pensou em levantar, mas seu corpo não lhe obedeceu. Então ela deitou em sua cama e chorou.